Free-roaming cats (Felis silvestris catus) in urban environment (Porto, Portugal)

Os gatos errantes (Felis silvestres catus) que se encontram em ambiente urbano incluem os animais assilvestrados (sem dono), semi-vadios ou vadios (socializáveis com humanos) e domésticos (sem dono mas não confinados numa propriedade). Em meio urbano estes animais vivem tipicamente em grupos, que podem ser diretamente influenciados pela disponibilidade de recursos alimentares (oferecidos por humanos amigos dos gatos). Para além dos dados recolhidos por organizações não-governamentais de bem-estar animal, pouco é conhecido acerca dos gatos em ambiente urbano em Portugal. Este estudo tem como objetivo descrever e estimar o número e a densidade de gatos errantes e suas colónias na cidade do Porto e compreender a sua distribuição espacial neste habitat urbano. Três áreas diferentes dentro dos limites da cidade foram selecionadas para monitorizar, em três anos diferentes, gatos errantes. Observamos uma ampla distribuição de gatos errantes em cada área de estudo. No entanto, apenas foi identificado um reduzido número de colónias, a maioria ocupando áreas pequenas, com localização associada à existência de alimento e abrigo. Os riscos de saúde pública associados ao aumento do número de gatos errantes em ambiente urbano têm sido reconhecidos em outros países, mas pelo que temos conhecimento, não em Portugal. A consciencialização para as elevadas densidades de gatos nas ruas de Portugal é importante pois acreditamos que esse fato deveria ser considerado um problema, o qual exige a promoção de programas de gestão dos gatos errantes (programas de remoção e/ou esterilização). Por estas razões, os esforços de monitorização e compreensão da ecologia espacial de gatos errantes são fundamentais.

Patterns of habitat utilization by deep-sea fish in the Bay of Biscay, NE Atlantic

A análise de vídeos obtidos através do submersível “Nautile”, na Baía de Biscaia, Oceano Atlântico NE, revelou que as espécies de peixes demersais estão associadas a tipos diferentes de habitats marinhos. Analisaram-se quatro transetos de mergulho com o objetivo de identificar as espécies de peixes, invertebrados bentónicos e as características ambientais a estas associadas. Analisaram-se 480 peixes, pertencentes a 19 taxa, através de métodos de análise estatística canónica. A epifauna marinha bentónica foi dominada por uma diversidade elevada de organismos, indicando gradientes diferentes de corrente vertical e horizontal. Ambos os fatores bióticos, abióticos e utilização de habitat influenciaram a seleção de habitat dos peixes demersais. A espécie mais abundante de peixe, olho de vidro laranja (Hoplostethus atlanticus), apresentou uma associação evidente a habitats complexos, incluindo colónias de corais. A espécie de peixe Neocyttus helgae, ocorreu em habitats associados a correntes fortes, inclinação elevada e presença de corais. Outras espécies de peixes, como por exemplo, o lagartixa-da-rocha (Coryphaenoides rupestres) e o moreão-de-natura (Synaphobranchus kaupii), ocorreram numa diversidade elevada de habitats e mostraram capacidade de adaptação em relação à variação dos diferentes fatores ambientais analisados. Os métodos destrutivos de pesca, como o arrasto, devem ser banidos nas zonas de corais de água fria e estabelecida uma rede de zonas protegidas como método de precaução de gestão das pescas.