Editorial

capa 8 final
Ao fim de quatro anos de interregno, a revista Ecologi@ volta a sair para retomar o seu lugar: despretenciosa, mas segura, dando pequenos passos, mas convicta de que possa vir a atrair estudantes e investigadores seniores.

Ao contrário do que vinha a ser implementado não se pretende ter um tema especial em cada número a não ser que isso seja oportuno. Passa assim a ser uma revista da Sociedade Portuguesa de Ecologia apostada em divulgar os trabalhos científicos e outros de divulgação científica, que se fazem no âmbito da ecologia. Por Ecologia denomina-se todos os trabalhos com diferentes abordagens, desde a biologia molecular, com vista à compreensão da história evolutiva de uma espécie no ecossistema, ouao papel dos microorganismos no funcionamento dos ecossistemas, até ao estudo das espécies nos ecossistemas aquáticos ou terrestres e das suas cadeias tróficas. O efeito do homem nos ecossistemas naturais ou urbanos e suas consequências são também privilegiados.

A Ecologi@ tem, actualmente, uma periodicidade anual e a sua gestão é da responsabilidade da Sociedade Portuguesa de Ecologia. Pretende ser uma revista redigida em português, mas com artigos em inglês sempre que os autores o requeiram. Mas quer o resumo quer aslegendas das figuras e tabelas terão de ser nos dois idiomas. Não será adstrita aos Encontros de Ecologia mas poderá usufruir de alguns trabalhos ali apresentados. Está permanentemente aberta a receber novos contributos. Poderá contar com cinco secções distintas: Artigos Científicos, Artigos de Revisão, Artigos de Opinião, Resumos de Teses e Projectos e Entrevistas. A Revista fundamenta-se na submissão de documentos pela Sociedade Científica e Académica Portuguesa, e dos Países Lusófonos, envolvida na investigação e desenvolvimentos de projectos em Ecologia.

Foi constituído um novo corpo editorial já publicado que terá a responsabilidadede escrutinar todas as propostas que lhe cheguem para publicação. A eles expresso o meu agradecimento por acreditarem que esta é uma oportunidade para relançar uma revista que pode ocupar um lugar significativo na divulgação daciência ecológica. Este é um número de transição entre o passado recente (2014) e o presente (2018). Apesar de vir à estampa apenas em 2018 será um volume de 2017 com artigos que estavam pendentes de publicação desde há algum tempo, mas que nem por isso deixaram de ser alvo de revisão rigorosa. A todos os revisores, que em tempo record responderam ao meu pedido, quero expressar o meu profundo agradecimento pela compreensão e apoio que dedicaram a este projecto.

Maria Amélia Martins-Loução

Presidente da SPECO

Editora deste número

Dezembro 2017

de

que possa vir a atrair

estudantes e investigadores seniores.

Ao

contrário

do

que vinha a ser implementado não

se

pretende ter

um

tema especial

em

cada número a não ser que isso seja oportuno. Passa assim

a ser uma revista

da

Sociedade Portuguesa

de

Ecologia apostada

em

divulgar

os

trabalhos

científicos e outros

de

divulgação científica, que

se

fazem

no

âmbito

da

ecologia. Por Ecologia

denomina-

se

todos

os

trabalhos com diferentes abordagens, desde a biologia molecul

ar, com

vista à compreensão

da

história evolutiva

de

uma espécie

no

ecossistema,

ou

ao

papel dos

microorganismos

no

funcionamento dos ecossistemas,

at

é

ao

estudo das espécies nos

ecossistemas aquáticos

ou

terrestres e das suas cadeias

tr

óficas. O efeito

do

homem nos

ecossistemas naturais

ou

urbanos e suas consequências são também privilegiados.

A Ecologi@ tem, actualmente, uma periodicidade anual e

a sua gestão é

da

responsabilidade

da

Sociedade Portuguesa

de

Ecologia. Pretende ser uma revista redigida

em

portuguê

s,

mas

com artigos

em

inglês sempre que

os

autores o requeiram. Mas quer o resumo quer

as

legendas das figuras e tabelas terão

de

ser nos dois idiomas.

Não será adstrita aos Encontros

de

Ecologia mas poderá usufruir

de

alguns trabalhos ali

apresentados. Está permanentemente aberta a receber novos cont

ributos.

Poderá contar com cinco secçõ

es

distintas: Artigos Científicos, Artigos

de

Revisã

o,

Artigos

de

Opiniã

o,

Resumos

de

Teses e Projectos e Entrevistas. A Revista fundamenta-

se

na

submissão

de

documentos pela Sociedade Científica e Académica Portugu

esa, e dos

Pa

íses Lusófonos,

envolvida

na

investigação e desenvolvimentos

de

projectos

em

Ecologia.

Foi constituí

do

um

novo corpo editorial já publicado que terá a responsabilidade

de

escrutinar

todas

as

propostas que lhe cheguem para publicaçã

o.

A eles expresso o meu agradecimento

por acreditarem que esta é uma oportunidade para relanç

ar

uma revista que pode ocupar

um

lugar significativo

na

divulgação

da

ci

ência ecológica.

Este é

um

número

de

transição entre o passado recente (2014) e o presente (2018).

Apesar

de

vir à estampa apenas

em

2018 será

um

volume

de

2017 com artigos que estavam

pendentes

de

publicação desde há algum tempo,esponderam

ao

meu pedido,

quero expressar o o pela

co

mpreensão e apoio que dedicaram a

este projecto.

SPECO, Dezembro 2017

Maria

Am

é

lia

Martins-Loução

Presidente

da

SPECO

Editora deste número.

16º Encontro Nacional de Ecologia

O ENE decorreu em Lisboa, a 9-10 de Novembro, na Reitoria da Universidade de Lisboa. O tema “Biodiversidade e Bem Estar Humano” pretendeu dar realce à ecologia como ciência integradora, que procura elucidar as intricadas relações entre seres vivos, o meio que os rodeia, e as funções que desempenham nos ecossistemas. 

Prémio de Doutoramento em Ecologia - Fundação Amadeu Dias

Em 2017, a SPECO lançou, pela primeira vez, umprémio para recém doutorados, como forma de valorizar o trabalho desenvolvido ao longo do seu programa doutoral. Este prémio foi possível devido à generosidade de uma Fundação privada, a Fundação Amadeu Dias, desperta para os desafios do interesse público, que permitiu à SPECO satisfazer um sonho de há muito.

Ecology Day

Em 2016, ano em que se comemoraram os150 anos da Ecologia como Ciência, a European Ecology Federation (EEF) estabeleceu, oficialmente, o 14de Setembro para celebrar o Dia da Ecologia na Europa. O dia escolhido corresponde à data em que Ernst Haeckel definiu, pela primeira vez, Ecologia.

A biodiversidade na base dos Serviços dos Ecossistemas e como ferramenta em Ecologia de Ecossistemas

O objetivo principal deste artigo é discutir o conceito de ecologia de ecossistemas como ferramenta para ajudar à compreensão do comportamento dos sistemas em condições de stress e ao desenvolvimento de ferramentas de gestão. Essas ferramentas estão ligadas à biodiversidade, componente fundamental dos ecossistemas e dos serviços que estes fornecem ao homem, e que podem ajudar à interpretação holística da ecologia de ecossistemas. Para isso, introduziremos os conceitos em discussão, faremos uma breve história da evolução do conceito, discutiremos quais as tipologias de serviços de ecossistemas mais utilizados. Mostraremos como a biodiversidade está na base dos bens e serviços assim como quais as principais ameaças à perda de biodiversidade. Por último discutiremos quais as soluções de gestão baseadas na natureza que podem ser usadas para aplicar este conceito na prática.

Free-roaming cats (Felis silvestris catus) in urban environment (Porto, Portugal)

Os gatos errantes (Felis silvestres catus) que se encontram em ambiente urbano incluem os animais assilvestrados (sem dono), semi-vadios ou vadios (socializáveis com humanos) e domésticos (sem dono mas não confinados numa propriedade). Em meio urbano estes animais vivem tipicamente em grupos, que podem ser diretamente influenciados pela disponibilidade de recursos alimentares (oferecidos por humanos amigos dos gatos). Para além dos dados recolhidos por organizações não-governamentais de bem-estar animal, pouco é conhecido acerca dos gatos em ambiente urbano em Portugal. Este estudo tem como objetivo descrever e estimar o número e a densidade de gatos errantes e suas colónias na cidade do Porto e compreender a sua distribuição espacial neste habitat urbano. Três áreas diferentes dentro dos limites da cidade foram selecionadas para monitorizar, em três anos diferentes, gatos errantes. Observamos uma ampla distribuição de gatos errantes em cada área de estudo. No entanto, apenas foi identificado um reduzido número de colónias, a maioria ocupando áreas pequenas, com localização associada à existência de alimento e abrigo. Os riscos de saúde pública associados ao aumento do número de gatos errantes em ambiente urbano têm sido reconhecidos em outros países, mas pelo que temos conhecimento, não em Portugal. A consciencialização para as elevadas densidades de gatos nas ruas de Portugal é importante pois acreditamos que esse fato deveria ser considerado um problema, o qual exige a promoção de programas de gestão dos gatos errantes (programas de remoção e/ou esterilização). Por estas razões, os esforços de monitorização e compreensão da ecologia espacial de gatos errantes são fundamentais.

Patterns of habitat utilization by deep-sea fish in the Bay of Biscay, NE Atlantic

A análise de vídeos obtidos através do submersível “Nautile”, na Baía de Biscaia, Oceano Atlântico NE, revelou que as espécies de peixes demersais estão associadas a tipos diferentes de habitats marinhos. Analisaram-se quatro transetos de mergulho com o objetivo de identificar as espécies de peixes, invertebrados bentónicos e as características ambientais a estas associadas. Analisaram-se 480 peixes, pertencentes a 19 taxa, através de métodos de análise estatística canónica. A epifauna marinha bentónica foi dominada por uma diversidade elevada de organismos, indicando gradientes diferentes de corrente vertical e horizontal. Ambos os fatores bióticos, abióticos e utilização de habitat influenciaram a seleção de habitat dos peixes demersais. A espécie mais abundante de peixe, olho de vidro laranja (Hoplostethus atlanticus), apresentou uma associação evidente a habitats complexos, incluindo colónias de corais. A espécie de peixe Neocyttus helgae, ocorreu em habitats associados a correntes fortes, inclinação elevada e presença de corais. Outras espécies de peixes, como por exemplo, o lagartixa-da-rocha (Coryphaenoides rupestres) e o moreão-de-natura (Synaphobranchus kaupii), ocorreram numa diversidade elevada de habitats e mostraram capacidade de adaptação em relação à variação dos diferentes fatores ambientais analisados. Os métodos destrutivos de pesca, como o arrasto, devem ser banidos nas zonas de corais de água fria e estabelecida uma rede de zonas protegidas como método de precaução de gestão das pescas.

Ocorrência, destino e efeito da azoxistrobina nos ecossistemas aquáticos

A Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA), na sua última avaliação de risco ambiental da azoxistrobina, o fungicida agrícola mais utilizado no mundo, concluiu serem necessários mais estudos científicos que clarifiquem o risco deste pesticida para os organismos aquáticos. Neste contexto, através de um Projeto de Doutoramento financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, uma equipa do Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra trabalhou durante quatro anos, contribuindo para responder a esta questão. Assumindo especial destaque, um estudo de revisão publicado na revista Environment International foi o ponto de partida para delinear os vários trabalhos de laboratório e de campo. No âmbito da componente espacial associada à Avaliação de Risco Ambiental, foram validados métodos analíticos que permitem determinar os níveis de vários pesticidas, entre os quais a azoxistrobina, em água superficial e matrizes estuarinas complexas, como sejam sedimento, macroalgas, plantas aquáticas e bivalves. 

Tropical forest fragmentation: effects on the spatio-temporal dynamics of its bat communities

Espaço e tempo são fundamentais em ecologia. No entanto, enquanto que a ecologia espacial é atualmente um campo estabelecido, a ecologia temporal ainda é incipiente. Num período em que a necessidade de investigação que se possa traduzir em ações de conservação nunca foi tão premente, a inclusão de aspetos temporais em estudos ecológicos é fundamental para assegurar a persistência a longo prazo dos sistemas ecológicos.

A resposta funcional de plantas à desertificação e degradação do solo – contributo para estratégias de restauro

É crucial entender o impacto das alterações climáticas nos ecossistemas áridos, pois poderão agravar a desertificação e degradação dos solos, comprometendo o funcionamento dos ecossistemas e os serviços por eles prestados. Os atributos funcionais das espécies determinam a sua resposta ao meio ambiente e também a sua influência nos processos do ecossistema. Deste modo, permitem um entendimento mecanicista da resposta dos ecossistemas ao clima. O principal objectivo deste trabalho de doutoramento foi modelar a resposta de ecossistemas áridos ao clima com base em atributos funcionais de plantas (AFP), usando um gradiente climático espacial para prever alterações ao longo do tempo. Pretendeu-se assim desenvolver um indicador ecológico baseado em AFP para monitorizar os efeitos do clima nestes ecossistemas, e contribuir para melhorar as estratégias de gestão e restauro de zonas áridas.